A criação do Profissional de Segurança Pública (adaptado de: A criação do policial)

Deus estava criando o profissional para segurança pública. Ele estava no sexto dia de horas extraordinárias, quando aparece um anjo e lhe diz: ”Estas levando muito tempo nessa criação”.

Deus lhe respondeu:

“Tu já vistes o que me pedem neste modelo?

Saiba que ele tem que correr 10 Km por ruas escuras, subir por paredes, entrar em casas que nem um fiscal de saúde pública ousa penetrar e tudo isso sem sujar, manchar ou amassar suas vestes”.

“Tem que estar sempre em boa forma física, quando nem se quer lhe dão tempo para comer. Tem que investigar um homicídio, buscar provas na mesma noite e no outro dia ir até um Tribunal prestar depoimento”. Tem que possuir seis braços!”

O anjo olha para Deus e pergunta: “Seis braços? Impossível!”

Deus responde: “Não são os seis braços que me dão problema, são os três pares de olhos que necessita”. Isto também lhe pedem neste modelo? Pergunta o anjo. “Sim necessita de um par com raios-X, para poder ver o que levam escondidos os criminosos; necessita um par ao lado da cabeça para poder cuidar de seu companheiro e outro para poder olhar uma vítima que estejam sangrando e lhe dizer que tudo saíra bem, quando sabe que isto não corresponde a verdade”. Disse o anjo:

“Descansa e poderás trabalhar amanhã”. “Não posso” responde Deus.

“Tenho que dedicar todo tempo que puder nesta criação, afinal tem que ser um modelo capaz de acalmar ou dominar um bêbado de 150 Kg sem nenhum incidente e ao mesmo tempo manter uma família de cinco pessoas com seu pequeno salário”. O anjo olha para o modelo e pergunta: “Porém, pode pensar?” “Certo que pode, responde Deus, mas terás superiores hierárquicos que tentarão suprimir-lhe esta capacidade.”

“ Ele pode investigar, buscar, prender um criminoso em menos tempo que levam cinco juristas discutindo a legalidade desta prisão e tem muito mais controle de si mesmo. Pode suportar as cenas de crimes à portas do inferno, consolar a família de uma vítima de homicídio e no outro dia ler nos periódicos afirmando que os profissionais de sua área são insensíveis aos direitos dos criminosos ou lentos na elucidação de delitos de alta complexidade”. Por fim o anjo olha para o modelo, lhe passa os dedos pelas pálpebras e fala para Deus:

“Tem uma cicatriz e sai água”. “Eu te disse que estavas pondo muito neste modelo”. “Não é água, são lágrimas”, responde Deus. “Por que lágrimas?” Pergunta o anjo. Deus responde: “Bem, ele já está quase pronto, deve ter ouvido parte da nossa conversa sobre a sua árdua missão, é melhor que falemos mais baixo. Estas lágrimas são por todas as emoções que já carrega dentro de si, e outras lágrimas virão, lágrimas por um companheiro caído, por um pedaço de pano chamado bandeira e por um sentimento chamado Justiça, por uma sociedade que não o reconhecerá e por políticos que vivarão as costas ante sua causa.” “És um gênio!” Responde o anjo.

Deus o olha todo sério e diz: ”Eu não lhe pus lágrimas... É simplesmente um homem!” Homem como homem que está sempre sujeito a um erro... Por nunca serem perfeitos e estarem sempre prontos a servir.

Neste momento Deus e o anjo que lhe acompanhava olham para o lado e percebem que o novo ser, estava sentando ouvindo o final da conversa, Deus imediatamente diz: “filho, não fique espantado, vou explicar-lhe as satisfações que terás servido aos seus irmãos”. A nova criatura responde-lhe: “Papai, estou pronto para cumprir a missão”.